domingo, 22 de janeiro de 2017

Contestando a Psicologia

Quero esclarecer que contestar a psicologia não significa que eu não respeite a profissão de psicólogo, muito pelo contrário, o simples fato de alguém se propor a cursar uma faculdade cujo o objetivo é ajudar as pessoas a superarem suas dificuldades, já é o suficiente para ser merecedor do meu mais profundo respeito. No entanto, tudo aquilo que se propõe a ser ensinado aos outros, pode e deve ser questionado. Lamentavelmente, na psicologia, praticamente não há espaço, para questionamentos e não é por falta de questionadores ou contestadores, a neta de Sigmund Freud é uma grande questionadora da psicologia e desmistificadora do avô.

Em primeiro lugar é necessário entender que aquilo que atualmente é denominado como psicologia, está baseado na obra de Karl Jung, que por sua vez, foi discípulo de Sigmund Freud, criador da psicanálise. Mas a psicologia é uma ramificação da filosofia, da mesma forma como a própria ciência é uma ramificação da filosofia. Sobre essa questão, é aconselhável ler outro ensaio, A Filosofia e Sua Essência, onde foram apresentados os critérios que devem ser utilizados como método filosófico, embora eles não sejam adotados pelo meio acadêmico.

O método filosófico destina-se a determinar se um conhecimento é válido ou não, em verdade, determina se aquilo que está sendo apresentado, pode ser considerado um conhecimento, sem aplicar o método, torna-se apenas opinião ou crença. Este ensaio adota como método filosófico o seguinte: descrição detalhada do objeto estudado, descrição detalhada do método utilizado para realizar o estudo, consistência lógica das conclusões e a identificação das possibilidades de refutação.

A obra de Karl Jung não atende a nenhum dos critérios do método filosófico, portanto não pode ser considerado conhecimento, a psicologia baseada em Jung é pura e simplesmente crença na opinião do autor. Mas como a psicologia de Jung se tornou curso acadêmico e profissão reconhecida, contestar a obra de Jung não é suficiente, pois pressupõe-se que a profissão progrediu e se desenvolveu. No entanto, durante os mais de cem anos que separam este ensaio, da criação do movimento denominado Psicologia Analítica (1914), não existe nenhuma referência sobre terem confirmado ou abandonado qualquer coisa da obra de Jung.

Entre os anos 2000 e 2003, o Discovery Channel apresentou um documentário (na série Fronteiras da Ciência, Mistérios da Ciência, ou em ambas, não lembro exatamente), a psicologia foi abordada dentro de uma leitura crítica, embora de forma muito superficial, mas nem por isso irrelevante. Nesse documentário foi apresentado o caso de uma psicóloga que recebeu o Prêmio Nobel (seu equivalente) de Psicologia, por um trabalho que foi comprovada a falsificação da pesquisa um ano após a premiação. Esse mesmo documentário apresentou uma estimativa de que, cinquenta por cento das pesquisas acadêmicas em psicologia, são falsificadas, fraudadas ou forjadas de alguma forma.

Uma fraude famosa no meio científico, é a Fraude do Homem de Pitdown, que permaneceu como controvérsia desde os primeiros anos do século XX, quando o suposto hominídeo foi encontrado, até 1953, quando foi declarado oficialmente que se tratava de uma fraude. Esse é um exemplo muito apropriado para mostrar a importância de adotar e aplicar um método em qualquer descoberta, da mesma forma como a descoberta pode ficar famosa como conhecimento, ela também deve ficar famosa como fraude, quando for o caso.

Em cem anos de psicologia, nunca houve controvérsia, nunca foi abandonada nenhuma hipótese, da mesma forma como nenhuma hipótese foi confirmada, no entanto, conforme surgem novas descobertas, as velhas descobertas vão sendo substituídas, sem nunca terem sido refutadas, mas não são necessariamente abandonadas, podem ser usadas sempre que forem convenientes. Não importa se o índice de fraudes na psicologia é de cinquenta, ou de um por cento, o que importa é que nunca passa por um método de validação, mesmo que uma pesquisa não seja fraudada, ela sempre corre o risco de estar errada.

Então, considerando que o índice de fraudes na psicologia seja ZERO, mesmo assim seria impossível identificar qual está correta e qual não está, por que uma está e a outra não está. Considere-se também, que uma pesquisa pode ser feita a partir das conclusões de pesquisas anteriores, neste caso é necessário também considerar um índice de fraude maior que zero, como ocorre em todas as áreas, então existe a seguinte possibilidade: uma pesquisa legítima, cujas conclusões estão corretas, partiu de uma premissa inválida, por ter origem em pesquisa fraudada ou equivocada.

Desta forma, quando as pesquisas fraudadas ou equivocadas, são usadas como referência em outras pesquisas, mesmo as pesquisas legítimas e corretas em suas conclusões, produzem resultados equivocados, que também são usados como premissas em outras pesquisas, que inevitavelmente, produzirão mais resultados equivocados.

Pesquisas poderiam ser analisadas neste ensaio, mas serão analisadas em outros ensaios, complementando este trabalho e evitando que o ensaio se torne muito longo, além de evitar que o foco seja perdido. Em resumo, a psicologia como temos hoje, baseada em Karl Jung e seus seguidores, nada mais é que uma crença.

Milton Valdameri (dezembro de 2016).

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