Este
ensaio foi estimulado por um texto publicador por um amigo no
Facebook, surrupiei e disponibilizo aqui.
Não pretendo comentar o texto, que considero muito bom, pois ele é
baseado em uma concepção ocidental que considera a possibilidade de
reencarnação. É oportuno lembrar que as igrejas cristãs não
admitem a possibilidade de reencarnação. Este ensaio pretende
abordar a possibilidade de continuação da vida após a falência do
corpo, usando como referência o conhecimento científico atual e
mantendo-se dentro dos fundamentos da filosofia. Não pretendo
agradar nem desagradar qualquer crença.
Em
primeiro lugar é necessário estabelecer o significado que as
palavras terão neste ensaio, para evitar que os leitores façam
interpretações de acordo com significados que considerarem
convenientes para satisfazerem suas crenças. O significado da
palavra Alma
é, em sua tradução literal, vida.
O significado da palavra Espírito,
na forma mais literal, é sopro, mas também admite outros
significados, dependendo do texto onde aparece, neste ensaio o
significado usado será essência.
Portanto, neste ensaio, um indivíduo é composto de Alma (vida),
Espírito (essência) e corpo. Apenas por curiosidade, dentro deste
ensaio o Espírito Santo não pode fazer parte de uma trindade, neste
ensaio o uso da palavra espírito com o significado de indivíduo não
é aceitável.
O
conhecimento científico atual não é capaz de dizer o que é a
vida, como surgiu nem o que faz um indivíduo ser diferente do outro,
no sentido de dizer o que faz João ser João e José ser José, no
entanto podemos diferenciar um corpo com vida de um corpo sem vida,
seja em animais ou vegetais. Portanto podemos dizer com segurança
que vida é algo presente ou ausente em determinados seres. A grande
questão que intriga a humanidade desde seus primórdios, é se a
vida continua existindo após a falência do corpo em que está. Este
ensaio vai apresentar uma hipótese, para o surgimento da vida e para
a possibilidade de existir vida sem que esteja presente em algum
corpo.
É
legítimo dizer que um corpo com vida é um corpo com energia,
portanto também é legítimo supor que a vida é uma espécie de
energia. O universo em si, nada mais é que energia, mesmo quando
produzimos vácuo quântico é possível detectar energia no vácuo.
Essa energia, que vou denominar de energia
cósmica,
não pode ser destruída, só pode ser transformada, tudo o que
existe nada mais é que essa energia transformada. Logo, é possível
que a vida seja uma tênue transformação dessa energia.
Para conseguir expor meu
raciocínio, vou substituir a energia cósmica, que é um fluído,
pela água em estado líquido e a matéria por partículas de gelo.
Como não existe energia sólida, a vida também seria um fluído,
para que a vida continuasse existindo, seria necessário que esse
fluído não se diluísse na água, ou seja, precisa ser como o óleo.
Essa será a analogia usada para explicar o raciocínio, universo é
água, matéria é gelo e vida é óleo.
Não
está em questão aqui, como e quando a energia começou a se
transformar em matéria, basta apenas saber que isso aconteceu. Então
vamos imaginar um universo sem matéria, ou seja, água sem
partículas de gelo. Conforme as partículas de gelo foram surgindo,
elas foram se combinando e arranjando suas moléculas de forma
diferente. Uma dessas combinações começou a produzir energia
química e adquire a propriedade de se replicar, mas nessa fase o
gelo não possui vida, é como um vírus.
Esse
vírus de gelo, combinando-se com outros vírus, resulta em uma nova
combinação de moléculas, que além de energia química, também
produz energia eletromagnética, como ocorre com os animais, mas
ainda não existe vida nessa partícula de gelo, é apenas um objeto
como um brinquedo que funciona com uma bateria, quando a bateria
termina, tudo acaba. Em minha hipótese, essa energia eletromagnética
seria a responsável pela transformação da água (energia cósmica)
que envolve a partícula de gelo em óleo (energia que denominamos
domo vida, a Alma). Quando ocorre a falência da partícula de gelo,
ela se decompõe, mas o óleo que a envolve continuará existindo.
Desta forma, o gelo é o
corpo, a gota de óleo é a Alma e o Espírito é o conjunto de
conhecimentos, sentimentos, desejos, crenças e tudo aquilo que forma
a individualidade de uma pessoa, isso tudo continuaria existindo na
gota de óleo. Agora vem a questão que muitos devem estar esperando
e se relaciona com o texto mencionado no início do ensaio, essa
hipótese permite a possibilidade de reencarnação? A resposta é
sim, inclusive existem fatos que podem indicar que a hipótese não é
tão maluca quanto parece.
Mas
antes de analisar a possibilidade de reencarnação, é necessário
analisar questões mais significativas. A primeira questão é como
as Almas sem corpo poderiam se comunicar entre elas e como poderiam
se comunicar com as Almas que estivessem ligadas a um corpo. Essa
questão pode ser respondida com simplicidade, pois os animais se
comunicam basicamente através de vibrações, como por exemplo o
som, então bastaria que a Alma emitisse vibrações, na energia
cósmica, que fossem entendidas por outras Almas.
Sobre
a maneira como as Almas poderiam emitir vibrações, é necessário
lembrar que, se a matéria pode emitir vibrações, então a energia
também pode, inclusive, a matéria é apenas um estado da energia.
Explicar o mecanismo exato dessa emissão de vibrações não se
mostra necessário neste ensaio, da mesma forma como não é
necessário mostrar o mecanismo exato que fez surgir a vida. Além do
mais, eu não consigo imaginar tais mecanismos, muito menos
explicá-los.
Porém há uma questão
importante, que pode ser facilmente explicada, é por que a
comunicação entre Almas sem corpo e Almas com corpo é tão
difícil, se é que ela ocorre. A explicação para isso é que,
estando ligada a um corpo, a Alma recebe vibrações muito mais
fortes do corpo ao qual está ligado, do que as vibrações que
recebe de Almas sem corpo, da mesma forma como duas emissoras de
rádio, com potências diferentes, onde uma impede a comunicação da
outra, sendo necessária uma sintonia muito específica para
conseguir ouvir a rádio com potência inferior.
Agora
podemos analisar a reencarnação, mas é necessário lembrar que,
dentro deste ensaio, a Alma é como uma gota de óleo em universo
feito de água. A gota de óleo pode ser dividida e também pode se
unir com outra gota de óleo, portanto esse mesmo princípio deve ser
usado dentro do ensaio. Desta forma, uma Alma poderia se dividir e
reencarnar em mais de um corpo ao mesmo tempo, incluindo corpos de
vegetais e animais de outras espécies diferentes daquela onde a alma
surgiu. Isso parece absurdo para o conceito de reencarnação
concebido pela cultura ocidental, mas dentro do hinduísmo, isso é
aceito há milhares de anos. A reencarnação aconteceria com uma
Alma sem corpo, se unindo a uma Alma que estivesse começando a
existir.
Mas vamos analisar,
inicialmente, a reencarnação dentro do conceito ocidental, onde
Isaac Newton poderia ter reencarnado como Albert Einstein. Aqui entra
uma questão que considero essencial dentro do tema de possíveis
reencarnações, pois se Newton reencarnou como Einstein, então para
reencarnar ele precisou deixar de ser Newton, ou seja, Newton nunca
reencarnou. Agora vem a pergunta, o que aconteceu com Newton? A
resposta não parece ser difícil, a Alma de Newton reencarnou, mas
não sua individualidade, a Alma de Newton adquiriu uma nova
individualidade, a individualidade de Einstein.
Evidentemente, o leitor deve
estar perguntando, o que aconteceria, dentro deste ensaio, quando o
corpo de Einstein deixasse de funcionar. Deduzo que a Alma que esteve
ligada em dois corpos, por consequência teve duas individualidades,
resultaria em uma Alma com individualidade distinta das duas que
estiveram ligadas a um corpo, embora mantivesse as memórias das duas
individualidades, de forma semelhante a uma pessoa, que muda sua
individualidade durante a vida, mas lembra como era sua
individualidade nas épocas em que era mais jovem.
Agora vem a cereja do bolo.
Existem alguns casos muito bem documentados, de pessoas que receberam
transplantes de órgãos e adquiriram características da
personalidade do doador. A hipótese científica apresentada para
esses casos, é da existência de uma memória molecular, ou memória
celular, no entanto não há como verificar efetivamente essa
memória, além de colocar em cheque a teoria de que a memória
reside no cérebro. De certa forma, este ensaio nada mais é do que
substituir a hipótese de memória das células, por memória da
Alma.
Este ensaio poderia se
estender abordando questões morais envolvendo as Almas sem corpo,
poderia especular sobre o que acontece com Almas boas e ruins, após
a falência do corpo, mas para não correr o risco de criar mais uma
crença, este ensaio encerra com a seguinte afirmação: a
possibilidade de continuar existindo vida após a falência do corpo,
não pode ser descartada, mas a possibilidade de tudo acabar com a
falência do corpo, TAMBÉM NÃO PODE SER DESCARTADA.
(Milton Valdameri, maio de
2017).
Quem flertou muito com o assunto foi Jung, com a sua teoria do inconsciente coletivo.
ResponderExcluirJung foi um mistificador e a psicologia é uma mistificação. Só para ter uma ideia, Kardec publicava a "Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos". Algumas pessoas dizem que Jung estudou o espiritismo, mas eu nunca consegui confirmar isso. Psicologia significa em sua tradução literal, "estudo do espírito", mas não tenho indícios de que o espírito ao qual Jung se referia é o mesmo do espiritismo. Sobre o inconsciente coletivo, não posso dizer nada, pois meu conhecimento sobre Jung e psicologia é praticamente nulo. Minha contestação à psicologia é feita justamente na falta de algo para contestar, ou seja, existe a afirmação, mas não é sustentada por uma argumentação para ser contestada.
ExcluirJung sempre foi meio místico, mas sua ideia do inconsciente coletivo, talvez mal formulada por ele, é interessante e diz que o ser humano é herdeiro de "materiais" comuns a todos, que ele chamou de arquétipos impessoais, porque não derivam de experiências reais. Isso é papo muito longo e remete a coisas como partícula fundamental e derivados.
ResponderExcluirEu fiz referência aos arquétipos de Jung no ensaio, "A Invenção do Ser", não sabia que ele baseava os arquétipos em uma herança de "materiais" comuns. Isso indica que ele trata o termo espírito com o mesmo significado que eu, ou seja, no sentido de essência do indivíduo. No entanto, ele caminha na mesma direção que o Kardec, ou seja, criando a pré-existência do espírito e "classes" de espíritos. Mas existe outra semelhança muito interessante entre o kardecismo e a psicologia de Jung, o kardecismo explica o que Kardec disse, com outro "Kardec disse", como costuma dizer um amigo que foi kardecista por 50 anos, na psicologia acontece a mesma coisa, explicam o "Jung disse" com outro "Jung disse".
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