O
islamismo se tornou, no mundo, o tema mais discutido do momento, o
próprio terrorismo ficou em segundo plano. Esta postagem não
pretende fazer a defesa do islamismo, mas uma análise criteriosa de
uma circunstância histórica, cujo desenvolvimento poderá resultar
num conflito que envolverá BILHÕES de pessoas. É sobre pessoas que
esta postagem pretende se pronunciar.
Inicialmente
vou citar um vídeo (aqui) postado no blog Toma Mais Uma, do meu
amigo Ricardo Froes e um documentário (aqui) no Youtube, que mostra
o quanto o islamismo é desconhecido, inclusive pelos islâmicos.
O
convívio do islamismo com a humanidade se tornou problemático, isso
é incontestável, a quantidade de islâmicos que estão buscando
refúgio em países que não adotam o islamismo como lei civil,
dispensa qualquer outra argumentação. A primeira questão é:
devemos olhar para esses refugiados como islâmicos ou como pessoas?
A segunda questão é: por que o mundo está se sentindo ameaçado
pelo islamismo?
A
primeira questão não deveria nem existir, só existe porque o
problema ultrapassa as fronteiras do islamismo. A segunda questão
mostra o caminho para entender por que existe a primeira questão e
também para o caminho para uma solução menos violenta e traumática
para a humanidade. Para analisar a segunda questão, é necessário
saber que existem duas vertentes de mórmons, que são extremamente
diferentes e uma delas citada.
Uma
argumentação recorrente, para disseminar o repúdio ao islamismo, é
o tratamento que as mulheres recebem nos países que adotam o
islamismo como lei civil, mulheres não podem estudar ou dirigir,
entre outras coisas. Mas nos EUA existe uma vertente dos mórmons,
que trata a mulher de forma muito mais cruel. Por que não vemos
manifestações de repúdio contra o comportamento desses mórmons,
que privam seus membros e principalmente suas mulheres dos direitos
civis do país onde vivem?
A
questão é muito simples, essa vertente de mórmons talvez não
tenha um milhão de membros, mas o islamismo tem mais de um bilhão e
meio. Um terço da população de Londres pratica o islamismo, mas
Londres continua sendo Londres. Como ficaria Nova Iorque com um terço
da população praticando a vertente mórmon em questão? Nos EUA, o
direito da mulher estudar é reconhecido pelos membros do islamismo,
que seguem a lei civil do país onde vivem, mas não é reconhecido
pelos mórmons em questão, por que não há manifestações de
repúdio a esses mórmons, que também formam uma facção do
cristianismo?
O
cristianismo já perseguiu judeus, já queimou pessoas em fogueiras e
já exterminou grupos de cristãos, como no caso dos cátaros.
Práticas que hoje são consideras inaceitáveis, foram abandonadas
pelo cristianismo, conforme a sociedade civil foi desenvolvendo seu
conhecimento, mas principalmente, conforme esse conhecimento foi
sendo compartilhado.
A
própria bíblia foi um livro que só podia ser interpretado por
autoridades eclesiásticas, da mesma forma como acontece com corão
atualmente, aliás, muitas igrejas impõem interpretações da Bíblia
até hoje. Não foi necessário extinguir o cristianismo para abolir
as práticas inaceitáveis, que motivo existe para alguém defender a
extinção do islamismo?
É
incontestável que você se sentirá incomodado se, estando em um
restaurante, enxergar um indivíduo que pode ser identificado como
islâmico entrando, isso acontecerá mesmo que você mesmo seja
islâmico, pois não saberá se aquele indivíduo está entrando para
fazer uma refeição ou um atentado. Essa circunstância se tornou
muito mais acentuada com os atentados praticados pelos denominados
“lobos solitários”, pois nem as famílias podem saber o que o
outro membro vai fazer quando sai de casa.
Em
outra postagem, eu disse que o ISIS (Estado Islâmico) está derrotado e os soldados
iraquianos, que também são islâmicos, muito colaboraram para essa
derrota. Mas derrotar o terrorismo não implica em derrotar apenas os
grupos terroristas, implica em derrotar a essência do terrorismo, é
essa essência que produz os “lobos solitários”, então é
necessário entender por que alguém se torna um “lobo solitário”.
Nos
EUA já aconteceram vários casos de “lobos solitários” atacando
escolas, mas nenhum deles se declarou identificado com alguma causa,
os “lobos solitários” islâmicos estão se declarando
simpatizantes do ISIS, mesmo não existindo nada que os coloque em
contato direto com essa organização, então existe uma ligação
indireta, que está sendo entendida como islamismo. Mas será que não
há também uma ligação indireta entre os “lobos solitários”
islâmicos e não islâmicos?
Não
é segredo que o ISIS recrutou jovens não islâmicos como membros,
mas também não é segredo que esses jovens não se converteram ao
islamismo, mas sim ao terrorismo. Esses jovens não começaram a
frequentar mesquitas, não começaram a ler o corão, começaram
apenas a aprender como praticar atentados terroristas.
O
que leva jovens não islâmicos ocidentais a sentir interesse em
praticar atentados terroristas? Não seriam as mesmas razões que
levaram “lobos solitários” não islâmicos ocidentais a atacarem
escolas? Não seriam as mesmas razões dos “lobos solitários”
islâmicos? É necessário considerar que os “lobos solitários”
islâmicos, tiveram a mesma oportunidade de se envolverem com o ISIS
que os jovens não islâmicos recrutados, mas esse envolvimento nunca
foi identificado, senão pelo próprio atentado cometido.
Se
o ISIS está tecnicamente derrotado no conflito bélico, também está
tecnicamente vitorioso no conflito existencial. O ISIS nunca
representou o islamismo, nunca foi aceito nem mesmo por outros grupos
terroristas islâmicos, mas representa o ódio à humanidade, que
existe em pessoas perturbadas e psicóticas de todas as crenças,
religiosas ou não, isso faz do ISIS o representante de todos que
desejam agredir a humanidade.
Agora,
o ISIS não possui mais estrutura para organizar atentados, mas
qualquer mentecapto que decidir atacar uma escola sem motivos, poderá
fazer em nome do ISIS e dizer que não está sozinho, assim, além do
terror causado pelo ato, também causará o terror pelo convívio
entre islâmicos e não islâmicos. Esse é o problema a ser
resolvido, o convívio entre as pessoas, e o extermínio de grupos a
partir de suas crenças não se mostra uma solução aceitável.
Daniel
Dennett, em uma de suas palestras, disse que os cristãos deveriam
conversar com os islâmicos, explicar que já cometeram os mesmos
erros e mostrar que eles podem ser superados. Eu digo que isso não é
responsabilidade apenas dos cristãos, mas de toda a humanidade,
mostrar que os erros podem ser superados. Mas a responsabilidade
maior é dos governos, que possuem estruturas diplomáticas
eficientes para realizarem acordos comerciais, mas estão sendo
inúteis para dialogar com governos que adotam religião como lei
civil.
Mais
de um bilhão e meio de pessoas tem o islamismo como referência para
dar um sentido à suas vidas, extinguir o islamismo é extinguir essa
quantidade de pessoas, isolar o islamismo em uma região do mundo, é
isolar essa quantidade de pessoas. Quem defende essas propostas, não
está considerando o quanto terror causará no mundo, um bilhão de
pessoas, com paus e pedras, podem matar outro bilhão de pessoas,
principalmente se sentirem acuadas, se um “lobo solitário”
representa um perigo, imagem um bilhão deles.
Não
há como extinguir ou isolar o islamismo possa ser uma solução
aceitável, isso é deixar de reconhecer que mais de um bilhão de
pessoas são tão pessoas como cristãos, judeus, hindus ou ateus, é
também retirar dessas pessoas a possibilidade de deixarem de serem
islâmicos. A única solução aceitável, é aprender como conviver
com religiões diferentes, enquanto não aparece sugestão melhor de
como fazer, sugiro uma palestra de Daniel Dennett (aqui).
(Milton Valdameri, agosto de
2016).
(argento) ... o filśofo Taoísta Lin Yutang oferece um "pensanento" que se encaixa bem nesta questão: "quando um general medíocre encontra uma espada perfeita, ... FUDEU!!!"
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