Donald Trump venceu a eleição
mais polêmica da história dos EUA, muitos dizem que foi a mais
vergonhosa, mas o resultado é um fato consumado e não há nada para
este blog dizer sobre a eleição, qualidades ou defeitos do
candidato eleito. No entanto, a vitória de Donald Trump instaurou
uma situação de incerteza no mundo, é sobre isso que este blog
deseja se pronunciar.
Com a exceção de uma minoria
de líderes políticos internacionais, que gostaram ou se mostraram
indiferentes, a maioria mostrou resignação, mas a insatisfação
era explícita. Nos meios de comunicação não foi diferente e a
maioria virou alvo de deboche dos simpatizantes do Trump. Na
população em geral, predomina a indignação, nas redes sociais, o
dia 9/11 foi comparado com o dia 11/9 (Atentados de Onze de
Setembro).
A situação mais relevante para
esta postagem, é a leitura que alguns analistas estão fazendo, como
forma de se conformarem com o resultado: “o presidente Trump será
diferente do candidato Trump”. De certa forma, todos os presidentes
foram diferentes dos candidatos, pois nos EUA o congresso tem
independência política e nenhum presidente faz o quer e quando
quer. Outra questão importante, é que Trump sofrerá pressão do
mercado e da rejeição política internacional, que é explícita.
Essas são as questões relevantes, de agora em diante.
Donald Trump assumirá a
presidência em 20/01/2017, são setenta dias para o mercado se
preparar para o novo governo. Diante da incerteza do mercado
internacional, é mais possível que o mercado entre em retração,
esperando para ver o que vai acontecer. Essa é a hipótese otimista,
a pessimista é de o mercado redirecionar investimentos que iriam
para os EUA, mas a probabilidade de isso acontecer é pequena, o Onze
de Setembro mostrou que o mercado retraiu os investimentos nos EUA,
mas não direcionou para outros países, esperou a poeira baixar.
A terceira possibilidade, é o
mercado ficar nervoso nos primeiros dias e voltar a normalidade
gradativamente. Essa possibilidade é a que tem menores chances de
acontecer, não pode ser considerada nem otimista, nem pessimista,
pois ninguém pode imaginar as consequências. Mas aqui está a chave
para analisar os próximos dias, talvez os próximos meses, a questão
não está na reação do mercado, mas na reação do próprio Donald
Trump, em relação ao mercado.
Quanto mais rápido for a
retração no mercado, mais rápido o Trump terá que fazer
pronunciamentos sobre seu futuro governo, comprometendo-se com
posições contrárias ao seu discurso de campanha, essa é a única
maneira de fazer a terceira possibilidade acontecer, mas pode
resultar em algo parecido com a reeleição de Dilma Rousseff no
Brasil, perder popularidade entre seus eleitores. Não vamos esquecer
que Dilma teve que assumir como ação de governo, aquilo que usou
como acusação contra o adversário, no caso de Trump a situação
poderá ser muito semelhante.
O candidato Donald Trump sacudiu
o mundo, agora só resta esperar para ver se o mundo vai sacudir o
presidente eleito Donald Trump. Depois da posse, tudo indica que a
relação dos EUA com o mundo, será assim, Trump sacudindo o mundo e
o mundo sacudindo, ou tentando sacudir, o presidente dos EUA. Como
Trump fará para agradar seus eleitores, o mercado e a política
internacional, é algo difícil de imaginar, mas o resultado de
tentar agradar gregos e troianos é bem previsível, desagrada os
dois. Tem cheiro de vitória de Pirro no ar.
Milton Valdameri (novembro de
2016).
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