Quero
esclarecer que contestar a psicologia não significa que eu não
respeite a profissão de psicólogo, muito pelo contrário, o simples
fato de alguém se propor a cursar uma faculdade cujo o objetivo é
ajudar as pessoas a superarem suas dificuldades, já é o suficiente
para ser merecedor do meu mais profundo respeito. No entanto, tudo
aquilo que se propõe a ser ensinado aos outros, pode e deve ser
questionado. Lamentavelmente, na psicologia, praticamente não há
espaço, para questionamentos e não é por falta de questionadores
ou contestadores, a neta de Sigmund Freud é uma grande questionadora
da psicologia e desmistificadora do avô.
Em
primeiro lugar é necessário entender que aquilo que atualmente é
denominado como psicologia, está baseado na obra de Karl Jung, que
por sua vez, foi discípulo de Sigmund Freud, criador da psicanálise.
Mas a psicologia é uma ramificação da filosofia, da mesma forma
como a própria ciência é uma ramificação da filosofia. Sobre
essa questão, é aconselhável ler outro ensaio,
A Filosofia e Sua Essência,
onde foram apresentados os critérios que devem ser utilizados como
método filosófico, embora eles não sejam adotados pelo meio
acadêmico.
O
método filosófico destina-se a determinar se um conhecimento é
válido ou não, em verdade, determina se aquilo que está sendo
apresentado, pode ser considerado um conhecimento, sem aplicar o
método, torna-se apenas opinião ou crença. Este ensaio adota como
método filosófico o seguinte: descrição detalhada do objeto
estudado, descrição detalhada do método utilizado para realizar o
estudo, consistência lógica das conclusões e a identificação das
possibilidades de refutação.
A
obra de Karl Jung não atende a nenhum dos critérios do método
filosófico, portanto não pode ser considerado conhecimento, a
psicologia baseada em Jung é pura e simplesmente crença na opinião
do autor. Mas como a psicologia de Jung se tornou curso acadêmico e
profissão reconhecida, contestar a obra de Jung não é suficiente, pois pressupõe-se
que a profissão progrediu e se desenvolveu. No entanto, durante os
mais de cem anos que separam este ensaio, da criação do movimento
denominado Psicologia
Analítica (1914),
não existe nenhuma referência sobre terem confirmado ou abandonado
qualquer coisa da obra de Jung.
Entre
os anos 2000 e 2003, o Discovery Channel apresentou um documentário
(na série Fronteiras da Ciência, Mistérios da Ciência, ou em
ambas, não lembro exatamente), a psicologia foi abordada dentro de
uma leitura crítica, embora de forma muito superficial, mas nem por
isso irrelevante. Nesse documentário foi apresentado o caso de uma
psicóloga que recebeu o Prêmio Nobel (seu equivalente) de
Psicologia, por um trabalho que foi comprovada a falsificação da
pesquisa um ano após a premiação. Esse mesmo documentário
apresentou uma estimativa de que, cinquenta por cento das pesquisas
acadêmicas em psicologia, são falsificadas, fraudadas ou forjadas
de alguma forma.
Uma
fraude famosa no meio científico, é a Fraude
do Homem de Pitdown,
que permaneceu como controvérsia desde os primeiros anos do século
XX, quando o suposto hominídeo foi encontrado, até 1953, quando foi
declarado oficialmente que se tratava de uma fraude. Esse é um
exemplo muito apropriado para mostrar a importância de adotar e
aplicar um método em qualquer descoberta, da mesma forma como a
descoberta pode ficar famosa como conhecimento, ela também deve
ficar famosa como fraude, quando for o caso.
Em
cem anos de psicologia, nunca houve controvérsia, nunca foi
abandonada nenhuma hipótese, da mesma forma como nenhuma hipótese
foi confirmada, no entanto, conforme surgem novas descobertas, as
velhas descobertas vão sendo substituídas, sem nunca terem sido
refutadas, mas não são necessariamente abandonadas, podem ser usadas
sempre que forem convenientes. Não importa se o índice de fraudes na
psicologia é de cinquenta, ou de um por cento, o que importa é que
nunca passa por um método de validação, mesmo que uma pesquisa não
seja fraudada, ela sempre corre o risco de estar errada.
Então,
considerando que o índice de fraudes na psicologia seja ZERO, mesmo
assim seria impossível identificar qual está correta e qual não
está, por que uma está e a outra não está. Considere-se também,
que uma pesquisa pode ser feita a partir das conclusões de pesquisas
anteriores, neste caso é necessário também considerar um índice
de fraude maior que zero, como ocorre em todas as áreas, então
existe a seguinte possibilidade: uma pesquisa legítima, cujas
conclusões estão corretas, partiu de uma premissa inválida, por
ter origem em pesquisa fraudada ou equivocada.
Desta
forma, quando as pesquisas fraudadas ou equivocadas, são usadas como
referência em outras pesquisas, mesmo as pesquisas legítimas e
corretas em suas conclusões, produzem resultados equivocados, que
também são usados como premissas em outras pesquisas, que
inevitavelmente, produzirão mais resultados equivocados.
Pesquisas
poderiam ser analisadas neste ensaio, mas serão analisadas em outros
ensaios, complementando este trabalho e evitando que o ensaio se
torne muito longo, além de evitar que o foco seja perdido. Em
resumo, a psicologia como temos hoje, baseada em Karl Jung e seus
seguidores, nada mais é que uma crença.
Milton Valdameri (dezembro de
2016).
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