A história da humanidade é
um banco de dados valioso, nele podemos encontrar as informações
necessárias para identificar o bem e o mal, infelizmente esse banco
de dados tem sido ignorado e manipulado sistematicamente. George
Orwell, em seu livro 1984, mostrou como isso pode levar a humanidade
para uma escravidão global. Orwell resumiu isso com a seguinte
frase, “Quem controla o presente, controla o passado, quem controla
o passado, controla o futuro”. Meu próximo ensaio será justamente
sobre essa obra de George Orwell. O presente ensaio é um resumo de
um ensaio muito longo para ser publicado em blog.
Uma música de Roberto Carlos
diz, “se o bem e o mal existem, você pode escolher”, sem dúvida
uma bela poesia, mas só é possível escolher quando é possível
identificar o bem e o mal, essa identificação só é possível
através da filosofia. A poesia, a música, a arte em sua amplitude,
tem a função de estimular no indivíduo a filosofia (busca pelo
conhecimento), não é por acaso que a arte é fruto da filosofia e
não o contrário.
Tomar
a poesia como referência de vida é um equívoco, é como tentar
entender o mundo olhando por uma fresta, enquanto que filosofia é
abrir totalmente a janela, e se possível, derrubar a parede. Não
estou depreciando a poesia, muito pelo contrário, uso a oportunidade
para lembrar que a arte não é um mero entretenimento, embora
algumas vezes seja apenas isso. Algumas vezes me aventuro na poesia e
disponibilizo uma delas aqui.
O
grande trunfo do mal, é que as pessoas não conseguem diferenciá-lo
do bem antes que os danos sejam significativos e muitas vezes
extremos. Isso ocorre porque as pessoas costumam identificar o bem
pela ausência do mal, desta forma, comem frutos envenenados até que
os efeitos do veneno sejam percebidos. Dizem que a estratégia do
diabo é convencer as pessoas de que ele não existe, eu não sei se
o diabo existe ou não, mas sei que todo e qualquer mal que não
sabemos, ou não percebemos que existe, acaba prevalecendo sobre o
bem até que seja devidamente identificado e combatido.
Dentro
da analogia costumeira, de semente, árvore e fruto, é possível
dizer que costumam identificar o mal pelo fruto. Depois de se
alimentarem do fruto envenenado por algum tempo, as pessoas percebem
que é do mal e passam a deixar de se alimentar dele, cortam as
árvores que produzem o tal fruto e proíbem que as sementes que
geraram aqueles frutos sejam plantadas. Dentro da botânica, isso
funciona com eficiência, mas em filosofia a situação é mais
complexa.
A
semente do bem ou do mal, é o ser humano. A árvore do bem ou do
mal, é o ser humano. O fruto do bem ou do mal, é o ser humano. Isso
significa que o bem e o mal surgem da mesma semente, da mesma árvore
e do mesmo fruto. Então onde está a diferença entre o bem e o mal?
Para responder, vou usar uma analogia diferente, vou usar crocodilos.
Considerando que neste caso trata-se de uma dicotomia, o bem e o mal,
diferenciando um ser humano de outro, usarei a dicotomia macho e
fêmea para diferenciar um crocodilo de outro.
O que determina se um
crocodilo será macho ou fêmea é a temperatura com a qual o ovo é
chocado, baixas temperaturas geram fêmeas, altas temperaturas geram
machos, portanto é o ambiente que determina como o crocodilo será.
Mas uma vez determinado o sexo do crocodilo, ele não mudará mais de
sexo, no entanto, no caso do ser humano, ele pode ser tornar do mal e
deixar de ser do mal. Isso significa que o ambiente pode interferir
na dicotomia bem e mal durante toda a existência do ser humano.
Retornando para a analogia da
semente, é necessário adotar como referência do bem o fruto sem
veneno e do mal o fruto envenenado, inclusive porque isso nos permite
diferenciar frutos com mais ou menos veneno, com veneno mais ou menos
perigoso. Agora é necessário identificar como o veneno chega até o
fruto, mas isso é fácil de fazer. Para que o fruto venha a existir,
é necessário que a semente e a árvore sejam regadas durante toda a
vida, para que ela possa retirar os nutrientes do solo onde está
plantada. Portanto o veneno está no solo ou na água, não importa a
semente, mas o local onde ela foi plantada e a qualidade da água
usada para regá-la.
O
solo onde o ser humano está plantado é a sociedade onde ele vive,
com suas crenças, costumes e tradições, a água usada para regá-lo
é o acesso ao conhecimento e às informações. Se nada disso
estiver envenenado, então o mal não vai existir, certo? Errado!
Esse raciocínio diz que o bem não existe de fato, é apenas a
ausência do mal, no entanto, uma alimentação com frutos sem os
nutrientes necessários para uma vida saudável, mesmo não
envenenando o indivíduo, o deixa debilitado e pode causar danos
tanto quanto um fruto envenenado. Nesse caso o que conta é a
qualidade da água com a qual a árvore está sendo regada, é a água
que determinará se o bem estará ou não presente no fruto, ou seja,
a qualidade das informações e a produção de conhecimento.
É possível identificar na
história da humanidade, muitas situações onde os costumes mudaram,
tanto para melhor como para pior, portanto foi a qualidade da água
que regou a árvore que determinou a qualidade dos frutos, mais que a
qualidade do solo. Quem deseja perceber o que é possível esperar no
futuro, deve observar atentamente como a árvore está sendo regada,
buscar na história as situações onde a árvore foi regada de
maneira semelhante e analisar os frutos que a árvore gerou no
passado. Quando o conhecimento do passado é manipulado ou omitido,
essa percepção dos frutos que estão sendo gerados no presente fica
prejudicada, por isso Orwell disse “quem controla o presente,
controla o passado, quem controla o passado, controla o futuro”.
Atribui-se ao filósofo grego
Sócrates, a seguinte frase: “só existe um bem, o conhecimento, só
existe um mal, a ignorância”. Este ensaio nada mais é que o
desdobramento desta frase, mostrando que a ignorância não é apenas
a ausência de informações, mas também a presença de informações
falsas, ou equivocadas, por isso a busca pelo conhecimento
(filosofia) é uma necessidade constante, onde o conhecimento (o bem)
predomina, a ignorância (o mal) não prospera.
O
nazismo será usado como exemplo histórico, que será amplamente
analisado no ensaio completo, mas o leitor poderá fazer sua própria
análise usando alguns parâmetros. O nazismo costuma ser lembrado
pela perseguição aos judeus, pelo holocausto e pelo fanatismo, mas
qual é o solo que fertilizou o nazismo e qual é a água que o
regou? Enquanto o ensaio completo aguarda oportunidade para ser
publicado em livro, deixo mais uma poesia aqui.
(Milton Valdameri, abril de
2017).
Belo texto como sempre , leigo em assuntos filosóficos , estranhava o que uma amiga japonesa me dizia sempre , olha tem pessoas dotadas de conhecimento que são praticantes do mal , e tem ignorantes assíduos praticantes do bem , então o conhecimento e a ignorância necessariamente não representam o mal e o bem? Ou representam ou são estágios dá existência?
ResponderExcluirBelo texto como sempre , leigo em assuntos filosóficos , estranhava o que uma amiga japonesa me dizia sempre , olha tem pessoas dotadas de conhecimento que são praticantes do mal , e tem ignorantes assíduos praticantes do bem , então o conhecimento e a ignorância necessariamente não representam o mal e o bem? Ou representam ou são estágios dá existência?
ResponderExcluirPor aquilo que entendi, sua amiga japonesa considerou como ignorante as pessoas com poucas informações, essas pessoas fazem o bem ou o mal de acordo com as informações que possuem, o mesmo acontece com pessoas que possuem muitas informações. Meu texto considera ignorantes, tanto as pessoas que possuem poucas informações, como as que possuem muitas informações, mas fazem uso de informações falsas, ou porque acreditam em informações falsas. Mas meu texto tem como objetivo mostrar que pessoas ignorantes estão sujeitas a serem manipuladas, tanto por falta de informações, como por terem informações falsas, por isso coloquei o nazismo como referência para ser analisado.
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