A
humanidade começou a desenvolver medo das máquinas a partir da
revolução industrial, no final do século XVIII, quando surgiu o
medo de que as máquinas tirassem os empregos das pessoas. No século
XX, com a eletrônica produzindo máquinas cada vez mais
impressionantes, como o computador, o medo também foi se adaptando
aos novos tempos. Hollywood se encarregou de mostrar em seus filmes
qual máquina deveria ser mais temida, o robô. Este é mais um
resumo de um ensaio que se tornou grande demais para ser publicado no
blog e o ensaio integral só será publicado quando houver espaço em
algum livro.
Isaac
Asimov criou as leis da robótica que evitariam que os robôs se
voltassem contra os humanos, essas leis não serão analisadas aqui
para não deixar o ensaio grande demais.
Stephen
Hawking
considerou que, as máquinas se tornarem mais inteligentes que o
homem, é uma das três maiores ameaças para a humanidade. Este
ensaio pretende analisar o que diferencia os humanos dos robôs e até
aonde os robôs representam uma ameaça. Afinal de contas, sou um
programador brincando de filosofia, ou talvez eu seja um filósofo
que brincou de programador.
Em
princípio, as pessoas temem que os robôs, se ficarem muito
inteligentes, possam desenvolver sentimentos, isso faria com que se
voltassem contra os humanos. Sendo mais inteligentes e mais fortes,
os robôs extinguiriam a humanidade. Algumas pessoas temem que os
robôs poderiam escravizar os humanos, mas vamos ser sinceros, que
utilidade um humano teria para um robô?
Então
vamos ver como os humanos se diferenciam dos robôs. Humanos são
constituídos de corpo, cérebro e mente. Algumas pessoas podem
argumentar que cérebro e mente são a mesma coisa, mas neste ensaio
são coisas distintas em seus significados técnicos. Robôs são
constituídos de hardware (corpo), processador (cérebro) e software
(mente). Desta forma, fica estabelecido que humanos e robôs possuem
a mesma constituição técnica, inclusive distinguindo devidamente a
diferença entre cérebro e mente. Portanto, a partir deste ponto,
será usada a constituição robótica para se referir tanto aos
robôs como aos humanos, ou seja, hardware (corpo), processador
(cérebro) e software (mente).
A
inteligência é o conjunto da capacidade do processador e do
software, portanto um processador poderoso com um software débil,
resultará em uma inteligência abaixo daquela que seria possível,
mas um processador débil jamais poderia hospedar um software
poderoso e a inteligência jamais poderá estar acima da capacidade
do processador. No entanto, um software débil pode consumir mais
capacidade do processador que um software poderoso, sendo possível
ocorrer que dois processadores iguais hospedem softwares de
potenciais diferentes. Isso é fácil de entender como funciona em um
computador (robô), pois as pessoas estão acostumadas a atualizarem
a versão do Windows, do editor de textos e muitos dos softwares
usados em seus computadores, mas como funciona o software nos
humanos?
O
software nos humanos é produzido pelo ambiente em que vive, isso faz
com que um indivíduo que passou a vida isolado na floresta
amazônica, mas com um cérebro muito mais poderoso que o do
Einstein, jamais seja tão inteligente quanto o gênio da física. É
oportuno lembrar que o próprio Einstein disse, “não se deve
avaliar a inteligência de um peixe por sua capacidade de subir em
árvores”, mas no caso do nosso indivíduo da amazônia, estamos
avaliando dois indivíduos com capacidades humanas.
Os
humanos nascem com o processador praticamente zerado, o software só
tem capacidade para fazer chorar, comer, dormir e sujar as fraldas,
seu software vai se desenvolvendo conforme tem contato com o ambiente
em que vive. O robô que pode se tornar mais inteligente que os
humanos, precisará passar pelo mesmo processo que passa um humano,
pelo menos em sua primeira fase, depois será possível implantar
anos de aprendizado de um robô em outros robôs recém-fabricados e
assim sucessivamente, mas é questionável se esse procedimento
resultaria realmente em robôs mais inteligentes, porém isso não é
objeto deste ensaio, então devemos nos concentrar nos robôs que
começam a desenvolver o software da mesma forma que os humanos.
Robôs
com capacidade de aprender já foram desenvolvidos, embora de forma
ainda incipiente, pelo menos para o conhecimento do público, pois a
tecnologia que o público conhece está no mínimo dez anos atrasada
em relação à tecnologia efetivamente desenvolvida. Robôs que
aprenderiam como humanos, mas evidentemente de forma muito mais
rápida, fabricados de forma idêntica, iriam se tornar robôs
diferentes uns dos outros, tanto em comportamento como em
inteligência. O robô de um cristão brasileiro seria diferente de
um robô de um ateu brasileiro, e um robô de um muçulmano da Arábia
Saudita seria diferente dos dois primeiros. Se o leitor perguntou se
um robô desse tipo poderia se tornar um terrorista islâmico, a
resposta é SIM.
É
importante observar que o robô em questão se torna terrorista sem
desenvolver sentimentos, no entanto, muitas pessoas que são dotadas
de sentimentos por natureza se tornam terroristas. Portanto não são
os sentimentos nem a inteligência que diferenciam os humanos dos
robôs. Em verdade é muito fácil produzir robôs com sentimentos,
mas isso não será abordado aqui para não deixar o ensaio muito
longo, é abordado no ensaio original. O próximo passo, também
conhecido como parágrafo, poderá deixar o leitor chocado, mas é
aconselhável que não interrompa a leitura, pois a parte chocante
será esclarecida.
Agora
eu pergunto, que diferença faz para o leitor, mas principalmente
para a vítima do atentado, se o terrorista que se explodiu em Israel
ou na França, é um robô ou um humano? Porém a parte contundente
está justamente no fato de que o terrorista tem sentimentos, e o
sentimento que o leva a cometer o ato terrorista é o AMOR. O leitor
pode argumentar que isso não é amor, mas ocorre que o amor é um
sentimento abstrato, onde o próprio indivíduo não é totalmente
capaz de dizer se o que está sentindo é ou não é amor. As pessoas
estão acostumadas a ver o amor pelos olhos dos poetas, mas esquecem
que o amor à pátria leva exércitos para a guerra, onde em ambos os
lados existem pessoas matando outras pessoas unicamente pelo amor à
pátria.
Este
ensaio, que é um resumo, já ficou um tanto longo, mas antes de
encerrar é necessário mostrar o que diferencia o humano do robô,
pois esse é o ponto principal do ensaio. O que diferencia o humano
do robô é a dúvida, ou melhor dizendo, a incerteza. Um humano
escreve um texto, depois lê o texto que ele mesmo escreveu e
encontra maneiras de escrevê-lo melhor, as vezes encontra erros no
texto original. Mas isso não aconteceria com um robô, o robô só
mudaria algo no texto se for incluída em seu banco de dados, a
memória do humano, uma nova informação.
Um
robô não teria motivo para ler um texto que ele escreveu, para
conferir se ficou bom, pois ele não tem dúvidas sobre o que faz ou
deixa de fazer. A outra situação que mostra muito bem essa
diferença, é quando um humano escreve um texto, e pouco tempo
depois escreve novamente sobre a mesma coisa, um humano, por mais que
tente lembrar o que escreveu pouco tempo atrás, escreverá o novo
texto de maneira diferente, mas o robô escreverá sempre igual,
exatamente igual. Isso é a incerteza que existe nos humanos, mas não
é possível fazê-la existir em robôs.
Para
encerrar, espero que eu tenha conseguido mostrar que os robôs não
representam perigo para a humanidade, muito pelo contrário, o perigo
está no ser humano que se transforma em robô e passa agir sem
considerar a possibilidade de estar errado, sem questionar a si mesmo
e às suas crenças, sem questionar seus sentimentos e seus ideais.
Milton
Valdameri (abril de 2017).
Magnífico.
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirEsplêndido! Você conseguiu transmitir o essencial entre estes dois mundos - o amor, a incerteza, que afinal de contas ainda não se chegou à perfeição nas máquinas feitas pelo homem. Quanto a nós como máquinas criadas pelo "SER" desconhecido ainda que tão imperfeitos, é perfeita pelo mero detalhe de através do amor transformar-se, transmutar-se a todo momento.
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