Este ensaio trata de política e não de teologia, mas o recente
anúncio do presidente Trump transferindo a embaixada dos EUA em
Israel, de Tel Aviv para Jerusalém estabeleceu uma relação direta
entre a política e a teologia. Em ensaio anterior (aqui)
analisei como ficará a nova ordem mundial com o fim do Estado
Islâmico e mostrei como a religião participou do contexto político.
No ensaio anterior eu mencionei a transferência da embaixada, mas
não tinha naquele momento uma declaração pública do governo de
Israel sobre essa questão, mas antes de começar a escrever este
ensaio encontrei a seguinte declaração do governo de Israel:
“Faremos contato com outros governos para que sigam a iniciativa
dos EUA, a hora de Israel chegou”. Este ensaio pretende analisar as
variantes possíveis mais significativas dessa situação de
conflitos políticos, diplomáticos e teológicos. Tentarei ser
breve.
Obviamente a questão teológica do judaísmo deve ser a primeira a
ser analisada. Existe uma vertente do judaísmo, que se denomina de
judaísmo messiânico, que reconhece Jesus como messias, mas de uma
forma diferente dos cristãos, porém como regra o judaísmo não
reconhece Jesus como messias e não reconhece a existência de uma
cultura judaico-cristã, que só foi inventada pelo ocidente após a
Segunda Guerra Mundial. A própria palavra messias é inaceitável
para o judaísmo, pois é uma transliteração da palavra hebraica
mashiach,
que significa ungido.
Existem
muitos ungidos no judaísmo, todos os rabinos são ungidos, mas o
judaísmo espera por um ungido em especial, O
Rei Ungido,
que será um líder político que converterá o mundo ao judaísmo. É
necessário entender que o povo hebreu não se considera o único
povo de Deus, mas o primogênito de Deus, o primeiro povo a ser
escolhido por Deus e a missão desse povo e conduzir os outros povos
até Deus, portanto todos os outros povos são irmãos do povo hebreu
e não inimigos. Existe uma quantidade enorme de argumentos para o
judaísmo não reconhecer Jesus como o rei ungido que eles esperavam,
mas suponho que as informações apresentadas neste parágrafo são
suficientes para entender o raciocínio deste ensaio.
A
construção do terceiro templo é condição sine qua non
(indispensável) para a vinda do rei ungido, mas havia um grande
problema impedindo a construção do terceiro templo no Monte Moriá,
existem duas mesquitas no monte, a Mesquita de Omar (Domo da Rocha) e
a Mesquita de Al-Aaqsa, mas esse problema foi resolvido no final do
século XX / começo do século XXI, depois de aprofundados estudos
de engenharia mostrando que é possível construir o terceiro tempo
no Monte Moriá sem afetar nenhuma das mesquitas.
É
importante lembrar que o terceiro templo não pode ser construído em
outro lugar que não seja o Monte Moriá, pois segundo a teologia do
judaísmo foi lá que Abraão ofereceu seu filho em sacrifício a
Deus, depois substituindo o filho por uma ovelha por determinação
do próprio Deus, por isso o Monte Moriá é o único lugar onde é
permitido oferecer sacrifício a Deus, o primeiro templo construído
por Salomão tinha como finalidade a realização dos sacrifícios,
da mesma forma como a construção do segundo templo por determinação
do rei da Pérsia, Ciro o Grande, que reconheceu o direito dos judeus
de reconstruírem seus templo. É justamente citando Ciro o Grande
que os líderes religiosos judeus estão convencendo, ou tentando
convencer, os presidentes Trump e Pútin a colaborarem com a
reconstrução do templo. O segundo templo foi destruído no ano 70
da era comum e depois da sua destruição os judeus nunca mais
ofereceram sacrifício a Deus.
Embora
as informações sobre a construção do terceiro templo estejam
disponíveis na internet, poucas pessoas sabem que a construção
começou em 2015 e tem previsão de 10 anos para ser concluída,
aparentemente só falta a construção das paredes, ou seja, do
templo propriamente dito, uma vez que os móveis, utensílios e
trajes necessário parecem estar prontos. O único empecilho seria a
reação dos outros países do Oriente Médio, mas o apoio bélico
tanto dos EUA como da Rússia, nenhum país do Oriente Médio terá
coragem de atacar Israel, portanto basta esperar que as manifestações
contrárias como a intifada
comecem a se desgastar, esperar a poeira baixar e construir o templo,
uma vez que está óbvio que a construção do templo não implicara
em afetar as mesquitas.
Embora
a posição que será adotada pela Europa seja uma incógnita, pois é
tradicionalmente alinhada com os EUA, é possível que os países da
Europa Ocidental não adotem a posição de reconhecer Jerusalém como
capital de Israel para não adotar um alinhamento com a Rússia e
deixar de ser alvo do terrorismo islâmico, mas no caso da Europa
Oriental já houve o alinhamento da República Tcheca com a decisão
de Trump. Caso isso ocorra, o mundo viverá uma situação inédita,
onde EUA estará mais alinhado com a Rússia do que com a Europa, sem
dúvida será uma nova ordem mundial começando a vigorar.
Mas
essa nova ordem mundial não está limitada às questões
geopolíticas, está relacionada diretamente relacionada com a(s)
teologia(s), pois com a construção do terceiro templo os judeus
voltarão a fazer sacrifício de animais, com judeus do mundo inteiro
indo à Jerusalém para oferecerem sacrifício, isso deverá abalar
grande parte do mundo cristão tanto quanto um terreiro de candomblé.
Mas é necessário lembrar que dentro do cristianismo existem
vertentes que acreditam que Jesus só voltará quando o anticristo se
assentar no trono do terceiro templo, inclusive existem vertentes que
acreditam que o Trump é o anticristo. Qual será a dimensão dessa
confusão, só Deus sabe.
Mas
é necessário lembrar que, se rei ungido (messias) dos judeus não
vier, o judaísmo estará com um grande problema, no entanto, ao
retomarem os sacrifícios de animais no templo, a profecia do
anticristo parecerá estar se cumprindo, pois o poder do anticristo
estará assentado no templo, existe uma interpretação do anticristo
onde ele não é um indivíduo, mas uma maneira de agir que nega o
cristo, com os sacrifícios sendo realizados no templo, essa
interpretação deverá predominar sobre as outras. Mas se Jesus não
voltar em sete anos após o início do reinado do anticristo, o
cristianismo poderá sucumbir.
Poucas pessoas sabem, mas o grande inimigo do judaísmo não é o
islamismo, é justamente o cristianismo. O motivo de o cristianismo
ser o principal inimigo do judaísmo é simples, a concepção de
Deus no cristianismo é inadmissível no judaísmo, no entanto isso
não ocorre com o islamismo, em verdade, o islamismo satisfaz a
profecia de que o povo hebreu será atacado por várias nações que
serão derrotadas e convertidas. O islamismo é baseado no profeta
Mohammed e não haverá outro profeta depois dele, basta o judaísmo
reconhecer Mohammed como profeta e mostrar ao povo islâmico que a
mensagem de Mohammed é a mesma mensagem do judaísmo, mas que os
líderes islâmicos estão interpretando de maneira errada.
A construção do terceiro templo ao lado das mesquitas evitará que
os islâmicos tentem destruí-lo com mísseis ou bombas, pois existe
o risco de danificar ou destruir as mesquitas, no entanto isso não
impedirá que os cristãos destruam o terceiro templo para combater o
anticristo e se o terceiro templo for destruído, não haverá mais
condições de continuar existindo judaísmo, significaria a derrota
cabal do judaísmo. Sem a vinda do rei ungido, sem a vinda de Jesus e
sem o terceiro templo, o islamismo será o vencedor, pois não
depende da volta do profeta.
Evidentemente que existem outras possibilidades, mas o que foi
apresentado neste ensaio é justamente aquilo que as pessoas estão
simplesmente descartando mesmo sendo possibilidades com mais
probabilidades que a volta de Jesus ou a vinda do rei ungido. Para
encerrar sugiro alguns vídeos, aqui,
aqui,
aqui,
aqui
e aqui.
Esse aqui
vai de lambuja, porque hoje estou romântico.
Milton Valdameri, dezembro de 2017.
Boa Milton!
ResponderExcluirBons ensaios, só uma correção tem uma parte do texto que diz ". . . Europa Ocidental não adotem a posição de reconhecer Israel como capital de Israel.. . "
Acredito que o primeiro Israel seja Jerusalém.
Abraços
Obrigado Felipe, eu postei sem revisar o texto. Vou corrigir.
ResponderExcluirSe me permitem, alguém disse" quanto mais longe da terra tanto mais longe de Deus" não lembro quem foi se: Gilberto Gil ou Frei Damião. Mas na mente do homem as coisas se misturam, teologia, religião, política, tradição, família, estado.....tudo aqui e agora!! Acho que todos estão certos e ninguém esta com a razão. Mas também já ouvi falar que este lugar chamado Terra, lugar sem igual no universo, maravilhoso, que abriga e sustenta 30 bilhões de seres humanos, não é o lugar escolhido pelo criador para que o homem viva em plenitude e em simbiose com Deus. Ouvi falar que quem comanda este Reino é um tal de Satanás.Eu sempre preferi o plano que eleva o espirito do homem e o leva a Deus em qualquer lugar e em qualquer situação. O que todos desejamos e clamamos desde nosso nascimento é por justiça,
ResponderExcluire que ela nos alcance a todos,então todos serão iguais perante uma Lei, e perdoados e redimidos de suas faltas quando tal estado de coisas chegar é sinal que estarei batendo á porta.