quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O Terceiro Templo e o Destino da Humanidade

 Este ensaio trata de política e não de teologia, mas o recente anúncio do presidente Trump transferindo a embaixada dos EUA em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém estabeleceu uma relação direta entre a política e a teologia. Em ensaio anterior (aqui) analisei como ficará a nova ordem mundial com o fim do Estado Islâmico e mostrei como a religião participou do contexto político. No ensaio anterior eu mencionei a transferência da embaixada, mas não tinha naquele momento uma declaração pública do governo de Israel sobre essa questão, mas antes de começar a escrever este ensaio encontrei a seguinte declaração do governo de Israel: “Faremos contato com outros governos para que sigam a iniciativa dos EUA, a hora de Israel chegou”. Este ensaio pretende analisar as variantes possíveis mais significativas dessa situação de conflitos políticos, diplomáticos e teológicos. Tentarei ser breve.

 Obviamente a questão teológica do judaísmo deve ser a primeira a ser analisada. Existe uma vertente do judaísmo, que se denomina de judaísmo messiânico, que reconhece Jesus como messias, mas de uma forma diferente dos cristãos, porém como regra o judaísmo não reconhece Jesus como messias e não reconhece a existência de uma cultura judaico-cristã, que só foi inventada pelo ocidente após a Segunda Guerra Mundial. A própria palavra messias é inaceitável para o judaísmo, pois é uma transliteração da palavra hebraica mashiach, que significa ungido.

Existem muitos ungidos no judaísmo, todos os rabinos são ungidos, mas o judaísmo espera por um ungido em especial, O Rei Ungido, que será um líder político que converterá o mundo ao judaísmo. É necessário entender que o povo hebreu não se considera o único povo de Deus, mas o primogênito de Deus, o primeiro povo a ser escolhido por Deus e a missão desse povo e conduzir os outros povos até Deus, portanto todos os outros povos são irmãos do povo hebreu e não inimigos. Existe uma quantidade enorme de argumentos para o judaísmo não reconhecer Jesus como o rei ungido que eles esperavam, mas suponho que as informações apresentadas neste parágrafo são suficientes para entender o raciocínio deste ensaio.

A construção do terceiro templo é condição sine qua non (indispensável) para a vinda do rei ungido, mas havia um grande problema impedindo a construção do terceiro templo no Monte Moriá, existem duas mesquitas no monte, a Mesquita de Omar (Domo da Rocha) e a Mesquita de Al-Aaqsa, mas esse problema foi resolvido no final do século XX / começo do século XXI, depois de aprofundados estudos de engenharia mostrando que é possível construir o terceiro tempo no Monte Moriá sem afetar nenhuma das mesquitas.

É importante lembrar que o terceiro templo não pode ser construído em outro lugar que não seja o Monte Moriá, pois segundo a teologia do judaísmo foi lá que Abraão ofereceu seu filho em sacrifício a Deus, depois substituindo o filho por uma ovelha por determinação do próprio Deus, por isso o Monte Moriá é o único lugar onde é permitido oferecer sacrifício a Deus, o primeiro templo construído por Salomão tinha como finalidade a realização dos sacrifícios, da mesma forma como a construção do segundo templo por determinação do rei da Pérsia, Ciro o Grande, que reconheceu o direito dos judeus de reconstruírem seus templo. É justamente citando Ciro o Grande que os líderes religiosos judeus estão convencendo, ou tentando convencer, os presidentes Trump e Pútin a colaborarem com a reconstrução do templo. O segundo templo foi destruído no ano 70 da era comum e depois da sua destruição os judeus nunca mais ofereceram sacrifício a Deus.

Embora as informações sobre a construção do terceiro templo estejam disponíveis na internet, poucas pessoas sabem que a construção começou em 2015 e tem previsão de 10 anos para ser concluída, aparentemente só falta a construção das paredes, ou seja, do templo propriamente dito, uma vez que os móveis, utensílios e trajes necessário parecem estar prontos. O único empecilho seria a reação dos outros países do Oriente Médio, mas o apoio bélico tanto dos EUA como da Rússia, nenhum país do Oriente Médio terá coragem de atacar Israel, portanto basta esperar que as manifestações contrárias como a intifada comecem a se desgastar, esperar a poeira baixar e construir o templo, uma vez que está óbvio que a construção do templo não implicara em afetar as mesquitas.

Embora a posição que será adotada pela Europa seja uma incógnita, pois é tradicionalmente alinhada com os EUA, é possível que os países da Europa Ocidental não adotem a posição de reconhecer Jerusalém como capital de Israel para não adotar um alinhamento com a Rússia e deixar de ser alvo do terrorismo islâmico, mas no caso da Europa Oriental já houve o alinhamento da República Tcheca com a decisão de Trump. Caso isso ocorra, o mundo viverá uma situação inédita, onde EUA estará mais alinhado com a Rússia do que com a Europa, sem dúvida será uma nova ordem mundial começando a vigorar.

Mas essa nova ordem mundial não está limitada às questões geopolíticas, está relacionada diretamente relacionada com a(s) teologia(s), pois com a construção do terceiro templo os judeus voltarão a fazer sacrifício de animais, com judeus do mundo inteiro indo à Jerusalém para oferecerem sacrifício, isso deverá abalar grande parte do mundo cristão tanto quanto um terreiro de candomblé. Mas é necessário lembrar que dentro do cristianismo existem vertentes que acreditam que Jesus só voltará quando o anticristo se assentar no trono do terceiro templo, inclusive existem vertentes que acreditam que o Trump é o anticristo. Qual será a dimensão dessa confusão, só Deus sabe.

Mas é necessário lembrar que, se rei ungido (messias) dos judeus não vier, o judaísmo estará com um grande problema, no entanto, ao retomarem os sacrifícios de animais no templo, a profecia do anticristo parecerá estar se cumprindo, pois o poder do anticristo estará assentado no templo, existe uma interpretação do anticristo onde ele não é um indivíduo, mas uma maneira de agir que nega o cristo, com os sacrifícios sendo realizados no templo, essa interpretação deverá predominar sobre as outras. Mas se Jesus não voltar em sete anos após o início do reinado do anticristo, o cristianismo poderá sucumbir.

Poucas pessoas sabem, mas o grande inimigo do judaísmo não é o islamismo, é justamente o cristianismo. O motivo de o cristianismo ser o principal inimigo do judaísmo é simples, a concepção de Deus no cristianismo é inadmissível no judaísmo, no entanto isso não ocorre com o islamismo, em verdade, o islamismo satisfaz a profecia de que o povo hebreu será atacado por várias nações que serão derrotadas e convertidas. O islamismo é baseado no profeta Mohammed e não haverá outro profeta depois dele, basta o judaísmo reconhecer Mohammed como profeta e mostrar ao povo islâmico que a mensagem de Mohammed é a mesma mensagem do judaísmo, mas que os líderes islâmicos estão interpretando de maneira errada.

A construção do terceiro templo ao lado das mesquitas evitará que os islâmicos tentem destruí-lo com mísseis ou bombas, pois existe o risco de danificar ou destruir as mesquitas, no entanto isso não impedirá que os cristãos destruam o terceiro templo para combater o anticristo e se o terceiro templo for destruído, não haverá mais condições de continuar existindo judaísmo, significaria a derrota cabal do judaísmo. Sem a vinda do rei ungido, sem a vinda de Jesus e sem o terceiro templo, o islamismo será o vencedor, pois não depende da volta do profeta.

Evidentemente que existem outras possibilidades, mas o que foi apresentado neste ensaio é justamente aquilo que as pessoas estão simplesmente descartando mesmo sendo possibilidades com mais probabilidades que a volta de Jesus ou a vinda do rei ungido. Para encerrar sugiro alguns vídeos, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Esse aqui vai de lambuja, porque hoje estou romântico.


Milton Valdameri, dezembro de 2017.

3 comentários:

  1. Boa Milton!
    Bons ensaios, só uma correção tem uma parte do texto que diz ". . . Europa Ocidental não adotem a posição de reconhecer Israel como capital de Israel.. . "
    Acredito que o primeiro Israel seja Jerusalém.

    Abraços

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  2. Obrigado Felipe, eu postei sem revisar o texto. Vou corrigir.

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  3. Se me permitem, alguém disse" quanto mais longe da terra tanto mais longe de Deus" não lembro quem foi se: Gilberto Gil ou Frei Damião. Mas na mente do homem as coisas se misturam, teologia, religião, política, tradição, família, estado.....tudo aqui e agora!! Acho que todos estão certos e ninguém esta com a razão. Mas também já ouvi falar que este lugar chamado Terra, lugar sem igual no universo, maravilhoso, que abriga e sustenta 30 bilhões de seres humanos, não é o lugar escolhido pelo criador para que o homem viva em plenitude e em simbiose com Deus. Ouvi falar que quem comanda este Reino é um tal de Satanás.Eu sempre preferi o plano que eleva o espirito do homem e o leva a Deus em qualquer lugar e em qualquer situação. O que todos desejamos e clamamos desde nosso nascimento é por justiça,
    e que ela nos alcance a todos,então todos serão iguais perante uma Lei, e perdoados e redimidos de suas faltas quando tal estado de coisas chegar é sinal que estarei batendo á porta.

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